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"Cartas de Monsaraz à Amada Ausente III

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  "Cartas de Monsaraz   à amada   ausente”   III Por tudo aquilo que fizeste e   que mora nos teus olhos verdes de aquários   vadios , esses olhos onde vivem peixes verdes insanos totalmente insatisfeitos que sempre insistem que o amor é uma pérola no fundo de uma lagoa e que ninguém o vê nos dias que correm, por tudo aquilo que lamentaste ou por todos os queixumes e quimeras   e caprichos   irrelevantes    e   tristezas em que   caíste, , ou   talvez   porque te apeteceu engendrar um vício   adiando o prazer de o desfrutar para um dia de amanhã ou uma hora   impossível de alcançar, por tudo isso, e porque esta paisagem é clara feita   de opalas luminosas,   deixa os meus olhos divagar e   me distancia de   tudo e de ti, menos do teu coração em chaga e do meu em ferida e também da imagem   e da   tua   errática   forma de mulher que se esboroa no horizonte do meu mal, como se tu verde oliva   dos meus sonhos plantada na planície me deixasses   como penhor a tua   tristeza a tu

“ Cartas à amada ausente “ II

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  “ Carta para a amada ausente “ II Sabes meu amor,  esta é a única invenção de que somos capazes :  a de sermos maiores que a nossa inteira solidão. É uma coisa que nunca imaginaste ! Se soubesses , Se   pudesses calcular. Até à tua mais pequenina célula, Eu agitei, para que tu sentisses, a loucura, a emoção, o prazer, a paixão, a amizade, e até o tesão. O tempo que   levei para descobrir-te, Eu, eterno zangão,   voava de   flor em flor,  até que vi em ti, a razão da   flor, a flor de uma razão   incalculável,  a razão do amor e da   paixão pura e   imaculada, e aquela   que nenhuma rotina mata. Sabes   meu amor, como foi árduo descobrir-te  , levei meio século, e   dois séculos   ou mil levaria se   mais   houvesse até te encontrar, ave pernalta descalça na superfície   tépida das   águas, voando entre margens  do Trancão ou do Alqueva ou doutro rio infernal que fosse, na  sua perpétua  invisibilidade,  e de súbito, foi o teu olhar, o teu olhar de ave de rapina,  magnético, frenético

Cartas de Monsaraz à Amada Ausente

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“Cartas de Monsaraz à Amada Ausente” 1 Vi -te poisar sobre o acaso da minha escrita como a mosca no mel e disseste que era agradável, que tinhas disposição para amar como se pousasses no meu pensamento, dedilhava ideias nas teclas aleatóreas da minha vida, soletrava-as à minha própria consciência como se fosse já dono e senhor da tua culpa abismal, de mulher de sábia ousadia, tal como se fosse o seu próprio tradutor e por ti penetrasse em novo abismo ao qual me esfregava com a alma desnuda sangrando pelos caminhos espinhosos do teu ser....oh doçuras do sânscrito onde o amor é o verbo infinito. Depois surgiste em modo absoluto citando poetas e artistas, enviando-me histórias dos antepassados de partir o coração e de amar ainda mais a sobrevivência para que fomos feitos, este desejo que se esgalha em tantas ramas no coração dos bugalhos e nos deixa de alma presa nos troncos da plenitude. Não fiquei menos tocado pelos teus caprichos, porque eu já estava demasiado sensib