"Cartas de Monsaraz à Amada Ausente III
"Cartas de Monsaraz à amada ausente” III Por tudo aquilo que fizeste e que mora nos teus olhos verdes de aquários vadios , esses olhos onde vivem peixes verdes insanos totalmente insatisfeitos que sempre insistem que o amor é uma pérola no fundo de uma lagoa e que ninguém o vê nos dias que correm, por tudo aquilo que lamentaste ou por todos os queixumes e quimeras e caprichos irrelevantes e tristezas em que caíste, , ou talvez porque te apeteceu engendrar um vício adiando o prazer de o desfrutar para um dia de amanhã ou uma hora impossível de alcançar, por tudo isso, e porque esta paisagem é clara feita de opalas luminosas, deixa os meus olhos divagar e me distancia de tudo e de ti, menos do teu coração em chaga e do meu em ferida e também da imagem e da tua errática forma de mulher que se esboroa no horizonte do meu mal, como se tu verde oliva dos meus sonhos plantada na planície me deixasses como penhor a tua tristeza a tu